Chove, aos pomposos, guarda-chuvas
negros.
Uma marcha fúnebre encaminha o
cortejo.
No caixão garboso, meu corpo
negro.
O peito parado nas mãos postas,
nele.
E o cortejo chorando a morte
do negro.
Duas mãos sustentam o meu caixão à ala
esquerda;
outros à ala direita, à frente, meu irmão
negro.
E a marcha fúnebre levando o
cortejo.
Minha mãe coitada, o corpo todo
negro.
Os lábios trêmulos, os olhos vermelhos
e estreitos.
– Não chora, mãe, afinal é só mais um
negro!.
Quanta multidão de ninguém no meu
enterro.
Uns passos lentos, uns cochichos velam
o negro.
O céu derramando seus pêsames ao meu
enterro negro.
05/ 06/ 08